"Bailando no ar, gemia inqueito vaga-lume:
'Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!'
Mas a estreka, fitando a lua, com ciúme:
'Pudesse eu copiar o transparente lume,
Que, da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!'
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
'Mísera! tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz resume!'
Mas o sol, inclinando a rútila capela:
'Pesa-me esta brilhante auréola de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Por que não nasci eu um simples vaga-lume?'"
O soneto "Círculo Vicioso" de Machado de Assis descreve perfeitamente o fenômeno humano de nunca estar satisfeito com nossa situação ou nossas bênçãos. Como dizem, "Temos o que não queremos e queremos o que não temos." É uma tendência humana de sempre estar querendo mais ou de ser mais. Raramente paramos e pensamos como nós somos abençoados. Todo dia é cheio de coisas para fazer para nos desenvolvermos e progredirmos.
Isso não é uma coisa ruim. Na verdade, eu amo esta característica no ser humano. Sempre queremos ser o melhor ou apenas melhor a cada dia. O ser humano tem uma predisposição de ser esperançoso e objetivo impulsionado. É por isso que somos tão diferente de qualquer outro ser no mundo. Temos metas, sonhos, expectativas. Muitas vezes queremos (bem, pelo menos eu quero) ser algo como um cachorro e podemos relaxar o dia inteiro e ter responsabilidade nenhuma. Mas que vida é essa? Não tem progresso nem falha. Ficaríamos a mesma coisa para sempre. Por isso sou muito grato de ter essa tendência de questionar minha situação pessoal. Eu gosto de olhar a mim mesmo e decidir como é que posso melhorar e progredir. É esperança.
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